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Fotografia de Guida Machado, Blog O meu olhar esquerdo. |
O sol e a chuva dos dias de
chuva, e as nuvens no céu. Passeios com gente e passeios de gente. À chuva,
apressadas e devagar, a gostar e a esconder-se. Debaixo dos toldos, nos prédios
de porta aberta. Nos automóveis. No café onde se sentam. Ou em pé. Os casacos
de seda e água. O vestido de verão colado à intimidade, as sandálias a
arrefecer os pés, os papéis desfeitos, as figuras, um borrão a preto e branco,
do jornal do dia, a tapar um decote e o cabelo. Também correm. Encolhem-se nas
montras, nas paragens. O metro como um buraco a chamar quem foge. Entram. O
calor a cheirar a metal que range nos carris. Abrigam-se de um desespero fora
de tempo. A chuva é visita sem cerimónia e educação. Um arrepio. Chegou e com a
primavera fez uma aguarela. Nas ruas. Um ponto e outro ponto com mais luz. Um
sol esquivo a refletir-se no espelho que parou à espera de outras nuvens.
Brincam. Arrastam-se ao som do vento. Um cinzento carregado a ir e avir.
Persistente. Talvez desafie um trovão, escreva o lume de um relâmpago. Apagam-se
as cores do dia que foi de sol e água. Homens e mulheres atravessam. Às vezes.
Hesitam. Atiram-se para a frente de um sinal verde, em cima do encarnado, no
minuto que estremeceu nos ponteiros do relógio. Mais escuro, o rio, ao longe.
Indefinido. Mancha de cinzento-tejo e cinzento-céu. Brilham as primeiras luzes
da noite. Percebemos contas de vidro, ouro e prata. A avenida desliza até à
margem e, de costas, abandona o dia que foi de nuvens e gente nos passeios.
Largos. A andar à pressa. A andar devagar. Neste dia. E o rio mais perto.
Intermitente. No horizonte. Já sem sol. Quando há aguarelas em junho.
(Ainda chovia quando entrei
em casa.)
Chovia nos teus olhos. Era junho nas tuas lindas palavras!
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