
Carlos Júlio,Projecto Fluvial
(esta fotografia foi retirada do FB, no mural de Carlos Júlio, não sei se é da sua autoria, mas foi um "assalto" descarado. Desculpe, Carlos Júlio - não resisti a tanta beleza)
Projeto
Fluvial
Posso seguir
devagar, muito devagar, a linha do teu corpo, tocar com a ponta dos dedos o teu
pescoço, adivinhar o relevo do sinal que tens nas costas, desenhar com o indicador
as iniciais do meu nome, como um jogo, quando ainda não nos conhecíamos, lembras-te?, posso chapinhar nessa linha
de água, a suavidade do meu corpo contra
o teu, silenciar os segredos que levámos um ao outro. Posso descobrir o círculo
que se fecha e se afasta e em cada sussurro se reflete na linha de água das
nossas bocas, mergulhar o desejo que se desfaz nessa linha de rio em que mal
ouso tocar. Posso pegar na tua mão e deixar fugir as promessas do tempo que há de
vir. Ser a forma do teu corpo suave de talco e a linha de água, que sem
querermos nos despiu e desfez. Tocar na linha e depois fugir. Posso, se
quiseres, seguir na margem, enxugar as mãos e levar devagar, muito devagar a linha do teu corpo. Uma linha de água. Um
barco. E, depois fugir.
Adorei este texto, Linda. Muito, muito bonito.
ResponderEliminarFantástico o teu barco, nesta linha d´água.
ResponderEliminarTexto de grande calibre...
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarNão, a fotografia não é minha, nem sei quem é o fotógrafo, mas assaltos que inspiram textos como este têm de ter sempre permissão.
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