terça-feira, 13 de agosto de 2013

De pele e areia.




Areia  da praia (setembro de 2012)




Chegaste, lento e esquivo. Mas insinuaste o corpo bronzeado. O perfume caro e persistente. O sorriso pendurado num cigarro. Ainda era entardecer e ninguém te esperava àquela hora. Não sei que maré, nem as conchas muito gastas. Das gaivotas não recordo a cor. A mesa ficou com uma cadeira ocupada e os miúdos pediram água, um refrigerante, gelados. Como  sempre. O brilho da areia ecoou. E de mim soube apenas o meu lugar a teu lado. "Não tardes. Em breve, será noite, a lua cresce e eu não sei regressar sozinha". Vi, ao longe, uma onda, uma espuma do prateado levante. Um bafo quente. Demos as mãos. Mais ninguém. E do meu corpo a raspar, ao de leve, a areia no teu. Só nos sentimos." Espera mais um pouco. Ainda  é tempo". Se me esticares contra a tua pele, sentirás o sal. O sol e o arrepio. Tenho sede. Solta as palavras. Fiquemos, um só, a olhar. As gotas de suor e a vontade. Um perfil de um traço só. A latejar. E o sol a morrer. Desejo, espuma e água. Agora na areia. "Fiquemos mais um pouco". Sussurraste tu, na madeixa de cabelo que se soltou. "Sim, ficaremos mais um pouco. A olhar o mar"

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