Intimidades
Menos que um segundo, a água transparente a
cair no verde frio, muito frio e a gota de gelo. Orvalho - cristal e irrepetível - como um beijo, sempre o mesmo beijo. Sílaba decorada, a sair da linha de um
dedo, das mãos do homem e da mulher. Segue o frémito que os agarra. Conduz os
braços. Chama o gemido que há-de vir. As suas pernas conhecem o ritmo e acertam-se
no compasso que sempre os uniu. Sem segredos, sem receios, sem pudor. O desejo
no espelho do corpo de cada um. E o sol que entrou na manhã clara. Têm os
corpos quentes. Lavados na água das mãos de um no outro. Um hábito sem mistérios,
nem surpresas. Um homem e uma mulher que estão sós. Mas que pertencem um ao outro quando
se encontram . Quando a língua, o sexo os empurra e os abraça. Estão
juntos. Uma boca, tensão e pele. Ele agarra-a, cruza-a no peito. Levanta-lhe o
cheiro do pescoço. Respiram o mesmo fôlego. Olham-se e, por breves momentos, sentem o
arrepio no gesto certo de um beijo. Menos que um segundo. Como a gota no ar
frio, muito frio, na folha verde. Irrepetível. Único. Íntimo. Uma frase. Sílabas, decoradas, da
língua que só o homem e a mulher conhecem.
A intimidade
é essa frase. Quase perfeita.
Gosto!
ResponderEliminarAi! Eu nem consigo dizer frase alguma.
ResponderEliminarGostei. Beijinho
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