(Lembras-te, Célia? Lembras-te de eu dizer que o teu coração ainda não estava curado? Lembras-te, Célia?)
Só o Outono nos
pertenceu.
Que chegue o Outono,
que chegue e apague o rasto deste calor. Chega outono, e instala-te nesta tua casa! Traz de volta o incêndio do gesto, o arrepio da água, a sombra colorida de um segredo.
Vem. Outono da memória, dos abraços e das mãos. A desenhar, com a ponta dos
dedos, a alegria do sorriso. A apontar o sinal na nuca, o perfil no ombro. Sei
no coração e na pele. As folhas no chão, um sol sentido, o gosto do
guloso cansaço. Vem! Quando chegares não batas à porta, não descalces os sapatos, não tires o chapéu. Quando chegares
Outono, leva-me a dançar.
(Eu avisei-te, Célia. Tu não quiseste ouvir!)
Certeiro: "o gosto do guloso cansaço". É isso mesmo, o outono, e tão bem dito.
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