quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Regressso à escola

Regresso à escola, regresso aos "meus" meninos do 8ªAno.
( no 8ºAno, então quarto ano dos liceus, era tão parvinha!!!!)
A temperatura é elevada, as salas tresandam a hormonas, há 'beijinhos' e abracinhos agarrados ao meu pescoço, risadas, mãos suadas, olhos a brilhar «Tivemos saudades suas, Está tudo bem? Já se sente com força para trabalhar? A stôra não teve um cancro ou uma coisa dessas? (viva a sinceridade dos 12 anos!) Já consegue estar tão gira? Olha tem uma tatuagem! Nunca tive um stôr tatuado! Já sabíamos que era nossa stôra, sabe, nós gostamos de si, às vezes, grita um bocadinho! Nâ,nã grita nada! Nós somos bué chatos! É este ano que nos leva ao teatro? E ao cinema ? E vamos comer o gelado do ano passado? Desculpe o atraso, mas posso dar-lhe um beijinho? Vi a Stôra na praia! Vamos ler muitos livros este ano? E a gramática? Prometo, este ano, portar-me tão, tão bem,,,Prometo que não interrompo as aulas e faço os tpcs, prometo stôra, este ano sou outro Manel! Stôra, stôra, posso ser eu a sua secretária? Eu! Eu! Oh! Stõra eu tive 5! Já vai marcar os testes? Tem a certeza...» Certezas, cada vez tenho menos, e, se não fossem todas estas perguntas, o meu dia, hoje teria sido, apenas, mais um dia de trabalho. Não foi. Cada vez tenho menos certezas: não sei se a minha disciplina lhes trará alguma felicidade, não sei se os muitos noventa minutos que teremos pela frente o resto do ano serão de entusiasmo e alegria, não sei se ficarão a perceber a utilidade de um complemento oblíquo, ou se daqui a meia dúzia de anos se lembrarão das rimas cruzadas e emparelhadas, nem tão pouco se conseguirão distinguir um verbo de uma preposição. Não sei, nem sei se tudo isto terá alguma importância, não sei e passo a arrogância socrática (falo do filósofo grego, claro!), e, confesso, que, neste momento, nada disso me interessa. Hoje, foi um dia de trabalho feliz.
Amanhã, logo se vê!
(Também não me lembro de ter tido algum professor tatuado, se calhar tive, estaria escondida e talvez dissesse : Amor de Mãe. Guiné 72 e por cima, muito bem desenhada a cor de rosa e azul um rosto de mulher. Não sei! Fica a dúvida!)


Sem comentários:

Enviar um comentário