sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Parabéns,João.





Parabéns, João.

O João faz hoje dezoito anos. É um rapaz moreno, de pele macia e olhar muito doce. Conhecemo-nos há dezassete, dezoito anos e houve sempre ente nós uma «peculiar» forma de comunicação. Gostarmos um do outro nunca se questionou e, talvez, por termos, tantas afinidades, várias vezes discutimos até de manhã e rimos como ‘loucos’ de nós próprios. Somos os verdadeiros ‘Pides’ (já te expliquei a comparação!) um do outro, não temos um quotidiano pacífico e os nossos melhores momentos são os de sereno silêncio e os de “ Ouve lá este video do Youtube, ou vem ouvir esta banda que, desta, tu gostas!”. Vivemos bem e desfrutamos com prazer da companhia um do outro. Bem, mas atenção - não podemos ir  ao Centro Comercial, e uma ida  ao supermercado é um verdadeiro acto de amor. Tímido e envergonhado, uma das piores gaffes que cometi foi apresentar-te a alguém (não me lembro quem, não interessa!) como “Este miúdo é muito giro!”. Desculpa -me, mas, por vezes, a vaidade é um sentimento muito estúpido, (desculpas-me?). O João é das pessoas mais generosas que conheço, tem um carácter que não se encolhe perante a injustiça, nem (e, por aqui, o meu trabalho deve ter sido pouco relevante) a perfeição de uma tela de Dali ou um comportamento xenófobo. (- Sabes que essa é umas das características que mais gosto em ti? – Até perdoo, não gostares de Jazz. Dizes tu!). Tens sido um dos meus pilares, o outro chama-se José e tem 19 anos. Desculpa, se a vida tem posto tantos escolhos no nosso caminho: “No caminho tinha uma pedra /tinha uma pedra no meio do caminho[…]/ No meio do caminho tinha uma pedra[…] o poema do Drummond de que eu já te falei…adiante, desculpa se não viajamos o suficiente e se os meus gritos são a nossa principal angústia. Desculpa-me, João, mas, sabes, por aqui, por este lado, além da pessoa que sempre te ensinou a olhar para a lua ou a gostar de pintura abstacta 
( sem êxito, aliás!) está um ser como tu…como tu, não -   tu és mais bonito e mais seguro!
Mentiria, se te dissesse que te amo desde o momento em que te vi.  Tenho aprendido a amar-te! Tu tens-me ensinado a ser, todos os dias uma pessoa ‘mais pessoa’! Contigo aprendi que o Amor – o verdadeiro – entre pais e filhos, é o único que merece!
Como no poema de Sena “não sei que futuro será o vosso” ( é mais ou menos isto!). Não sei o que o futuro te trará, não sei que futuro será o teu (regresso ao Jorge de Sena, eu sei que tu sabes), mas, qualquer que ele seja, será de solidariedade, de respeito e de atenção ao teu semelhante.
Eu gostaria que continuasses assim: íntegro, verdadeiro, sensível,  justo e ainda a acreditar na condição humana.
(Desculpa, João, mas tinha de falar da tua nobreza de carácter, o facto de perderes o horário, nunca saberes quando tens teste de Português, ou se tens  trabalho de casa de Filosofia  diluem-se quando, sem dia, nem hora, me perguntas : “Estás bem, mãe?”)

Amo-te, João e de verdade!…. O nosso amor será, sempre assim, mesmo quando grito depois de 30 minutos de chuveiro ou me dizes que as "mães  não podem ter Instagram!”

Parabéns, João…Fizeste 18 anos?! Olha, ainda bem, eu estou quase a fazer sessenta! Como, tantas vezes, fazes questão de me lembrar.

Amo-te, miúdo…e isto tu nunca poderás mudar!
(Temos pena!)

Lembraste dos meus abraços, antes de adormeceres? Fica com um deles para ti! E, olha, o Urban não tem gracinha nenhuma…. Depois me dirás, se te apetecer!







https://youtu.be/7pKrVB5f2W0

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