Parabéns, João.
O João faz hoje dezoito anos. É um rapaz moreno, de pele
macia e olhar muito doce. Conhecemo-nos há dezassete, dezoito anos e houve
sempre ente nós uma «peculiar» forma de comunicação. Gostarmos um do outro
nunca se questionou e, talvez, por termos, tantas afinidades, várias vezes
discutimos até de manhã e rimos como ‘loucos’ de nós próprios. Somos os
verdadeiros ‘Pides’ (já te expliquei a comparação!) um do outro, não temos um quotidiano
pacífico e os nossos melhores momentos são os de sereno silêncio e os de “ Ouve lá este
video do Youtube, ou vem ouvir esta banda que, desta, tu gostas!”. Vivemos bem
e desfrutamos com prazer da companhia um do outro. Bem, mas atenção - não podemos
ir ao Centro Comercial, e uma ida ao supermercado é um verdadeiro acto de amor.
Tímido e envergonhado, uma das piores gaffes que cometi foi apresentar-te a
alguém (não me lembro quem, não interessa!) como “Este miúdo é muito giro!”.
Desculpa -me, mas, por vezes, a vaidade é um sentimento muito estúpido, (desculpas-me?).
O João é das pessoas mais generosas que conheço, tem um carácter que não se
encolhe perante a injustiça, nem (e, por aqui, o meu trabalho deve ter sido pouco
relevante) a perfeição de uma tela de Dali ou um comportamento xenófobo. (- Sabes
que essa é umas das características que mais gosto em ti? – Até perdoo, não
gostares de Jazz. Dizes tu!). Tens sido um dos meus pilares, o outro chama-se José
e tem 19 anos. Desculpa, se a vida tem posto tantos escolhos no nosso caminho: “No
caminho tinha uma pedra /tinha uma pedra no meio do caminho[…]/ No meio do
caminho tinha uma pedra[…] o poema do Drummond de que eu já te falei…adiante, desculpa
se não viajamos o suficiente e se os meus gritos são a nossa principal
angústia. Desculpa-me, João, mas, sabes, por aqui, por este lado, além da
pessoa que sempre te ensinou a olhar para a lua ou a gostar de pintura abstacta
( sem êxito, aliás!) está um ser como tu…como tu, não - tu és mais bonito e mais seguro!
( sem êxito, aliás!) está um ser como tu…como tu, não - tu és mais bonito e mais seguro!
Mentiria, se te dissesse que te amo desde o momento em que te
vi. Tenho aprendido a amar-te! Tu tens-me ensinado a ser, todos os
dias uma pessoa ‘mais pessoa’! Contigo aprendi que o Amor – o verdadeiro –
entre pais e filhos, é o único que merece!
Como no poema de Sena “não sei que futuro será o vosso” ( é
mais ou menos isto!). Não sei o que o futuro te trará, não sei que futuro será o
teu (regresso ao Jorge de Sena, eu sei que tu sabes), mas, qualquer que ele seja,
será de solidariedade, de respeito e de atenção ao teu semelhante.
Eu gostaria que continuasses assim: íntegro, verdadeiro,
sensível, justo e ainda a acreditar na
condição humana.
(Desculpa, João, mas tinha de falar da tua nobreza de carácter,
o facto de perderes o horário, nunca saberes quando tens teste de Português, ou
se tens trabalho de casa de Filosofia diluem-se quando, sem dia, nem hora, me perguntas : “Estás bem, mãe?”)
Amo-te, João e de verdade!…. O nosso amor será, sempre assim,
mesmo quando grito depois de 30 minutos de chuveiro ou me dizes que as "mães
não podem ter Instagram!”
Parabéns, João…Fizeste 18 anos?! Olha, ainda bem, eu estou
quase a fazer sessenta! Como, tantas vezes, fazes questão de me lembrar.
Amo-te, miúdo…e isto tu nunca poderás mudar!
(Temos pena!)
Lembraste dos meus abraços, antes de adormeceres? Fica com um
deles para ti! E, olha, o Urban não tem gracinha nenhuma…. Depois me dirás, se
te apetecer!
https://youtu.be/7pKrVB5f2W0
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