quarta-feira, 11 de junho de 2014

Parabéns, José.




Parabéns, José

Os olhos muito brilhantes, o sorriso rasgado a barba a pedir lâmina e espuma de barbear. A determinação. O brilho no sorriso a generosidade com os amigos, o gosto pela Segunda Guerra Mundial, a camisa a condizer com as calças, a porta a abrir-se para deixar passar, a mãe, a amiga, a avó, as unhas roídas e o cinismo. O ritmo que só ele conhece, a impassibilidade de uma linha que não se desfaz. O sentido de justiça e a justeza nas apreciações. A preguiça e a medida de um tempo que só ele controla. As primeiras imperiais, o desafio do decote das miúdas, o futebol a perturbar, por momentos, a serenidade. Por vezes, põe-me em causa, quer mandar, ser o galo nesta capoeira e o CR 7 é o maior - perdoado porque gostou de ler os Maias e teve vinte valores na apresentação oral de um trabalho sobre um poema – difícil – de Cesário Verde. Cresceu tanto e é tão pessoa. Contido e tão digno no seu sentir. Já não cheira a menino e não precisa que lhe escolha a roupa. As suas gargalhadas continuam a encher a casa, a mãe está sempre bonita, cheiras sempre tão bem, Mãe! Não se esquece de gosto muito de ti, Mãe. Todas noites, antes de adormecer, Gosto muito de ti, Mãe. Nunca se esquece, mesmo quando não estamos juntos.Nasceu perfeito, lindo e rosado, faz hoje dezassete anos, não sei, como dizia Jorge de Sena, dirigindo-se aos filhos, “que mundo será o vosso”, eu não sei, José, que mundo será o teu. Também não sei.  Apenas te dei a vida.
Parabéns, meu Anjo Bom.

 




3 comentários:

  1. Belo texto. Um abraço de Parabéns ao José, cujo mundo não sabemos o que será, mas que tem de ser um bom mundo - pois se o José está lá!

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  2. Bonito texto, Linda. Beijinho de parabéns para o José e para a mãe que lhe deu vida.

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  3. Parabéns a ambos e obrigada por mais um bom texto.

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