segunda-feira, 2 de junho de 2014

Projecto Fluvial, a partir de uma fotografia de Carlos Júlio.

Photo: projecto fluvial

Carlos Júlio,Projecto Fluvial

(esta fotografia foi retirada do FB, no mural de Carlos Júlio, não sei se é da sua autoria, mas foi um "assalto" descarado. Desculpe, Carlos Júlio - não resisti a tanta beleza)




Projeto Fluvial

Posso seguir devagar, muito devagar, a linha do teu corpo, tocar com a ponta dos dedos o teu pescoço, adivinhar o relevo do sinal que tens nas costas, desenhar com o indicador as iniciais do meu nome, como um jogo, quando ainda não nos conhecíamos, lembras-te?, posso chapinhar nessa linha de  água, a suavidade do meu corpo contra o teu, silenciar os segredos que levámos um ao outro. Posso descobrir o círculo que se fecha e se afasta e em cada sussurro se reflete na linha de água das nossas bocas, mergulhar o desejo que se desfaz nessa linha de rio em que mal ouso tocar. Posso pegar na tua mão e deixar fugir as promessas do tempo que há de vir. Ser a forma do teu corpo suave de talco e a linha de água, que sem querermos nos despiu e desfez. Tocar na linha e depois fugir. Posso, se quiseres, seguir na margem, enxugar as mãos e levar  devagar, muito devagar a linha do teu corpo. Uma linha de água. Um barco. E, depois fugir.


5 comentários:

  1. Adorei este texto, Linda. Muito, muito bonito.

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  2. Fantástico o teu barco, nesta linha d´água.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Não, a fotografia não é minha, nem sei quem é o fotógrafo, mas assaltos que inspiram textos como este têm de ter sempre permissão.

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