terça-feira, 1 de abril de 2014

Vem, antes que comece a chover.




Fugir da chuva e mais nada.

 -Vamos embora, vamos sair daqui, deixou de chover, arrefeceu um bocadinho e não tarda será noite, temos de partir. Vamos embora. Já. Traz tudo o que precisas para dois, três dias, depois logo se vê. Não te esqueças dos livros, dos comprimidos, o pó de arroz.  Pormenores. Não te distraias com pormenores. Traz o mais importante – tu, assim como estás. Vem já. Temos de agarrar a estrada. Não olhes para trás, não olhes. O que te pertence virá contigo, com a tua pele e eu estou aqui. Vim buscar-te. Vamos embora, antes de mais chuva. Consegues  ver o céu? Está tão escuro. Vem comigo. Vem. Vamos embora !   

 

( - Quem era?- perguntou-lhe  o homem, punha a mesa com os gestos de sempre.

   - Um inquérito qualquer, não percebi. Desliguei. Comes sopa?

    - Uma concha, não enchas muito o prato. Podias ter respondido. São miúdos, estão só a fazer o que lhes é pedido. Mal pagos, estes miúdos.

    - Pois. Podia ter respondido. Na próxima vez serei mais simpática. Está bem assim? )


Sem comentários:

Enviar um comentário