sábado, 22 de junho de 2013

O dia mais longo.


O dia mais longo do ano, o início do verão; o tempo que insiste em passar; os rapazes de regresso; a casa outra vez cheia de gargalhadas; flores amarelas em jarras transparentes com água limpa; as ruas das principais cidades brasileiras e gente a gritar e a sofrer; o nosso ordenado encolhido e os que nem ordenado; o trabalho  sem subsídio e sem férias; e sem trabalho e sem nada; a temperatura que continuou a descer; os professores  grevistas, faltosos e castigados; a vida em segunda mão, com pouca roupa; a roupa em segunda mão, de muitas vidas; os festivais de verão, sem verão e sem gente; a mãe da vizinha do lado é uma velhinha  e gemeu o dia todo; uma amiga foi traída pelo marido, ou pelo  próprio coração; o telefone fixo calou-se para sempre e teve de ser substituído por um novo, mas que por ser tão novo, ainda não sabe falar; muito estardalhaço e dor no tornozelo esquerdo, uma entorse (nome feminino que significa distensão violenta dos ligamentos, acompanhada de dor intensa e, por vezes, agravada pela inflamação das partes moles que rodeiam a articulação, Dicionário Verbo da Língua Portuguesa)  - gelo, Voltaren ( genérico), um  pé elástico e um par de canadianas. A minha mãe costuma dizer que aos pobres o pão cai sempre com o lado da manteiga virado para baixo
Pronto, um dia igual aos outros – nada de novo, por aqui, debaixo de um sol tímido e encolhido.
Amanhã é sempre o dia seguinte. Pois.

“Ai! Esse seu olhar quando encontra o meu/ fala de umas coisas que eu não posso acreditar


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